terça-feira, 22 de abril de 2014

Distrito do Flamengo, Jaguarari, sertão da Bahia.



A Equipe Água Renovada foi convidada a fazer uma pequena participação em um quadro novo do Programa Caldeirão do Huck, que se chama “Um por todos, todos por um”  onde o programa procura povoados ou comunidades com o propósito de ajudar todas as famílias daquele lugar. 


Neste episódio em que participaremos, contará a história do ilustre abençoado Ferreirinha, um professor de Educação Física, apaixonado por esportes, com um coração enorme e cheio de vontade de ajudar o próximo.  
 

Ele, humildemente, vendo as crianças da comunidade do Flamengo “sem ter o que fazer” juntou-os e formou uma escolinha de atletismo no povoado. Com muito esforço e sem ajuda financeira alguma vem desempenhando um papel inigualável naquele lugar, mudando a realidade daquelas famílias. São mais de 40 jovens de 4 a 18 anos, todos matriculados na escola e se tornando verdadeiros atletas. Essa história começou a seis anos atrás e até hoje vem beneficiando os jovens e crianças daquela localidade.



Segundo os moradores do Flamengo há quatro anos não chovia naquela região. “Teve menino que quando ouviu o som das chuvas e dos trovões começou a chorar desesperado, pois não sabia o que era aquilo”, disse Ferreirinha. Há vinte dias houve uma pequena chuva ali. 
As águas que utilizam são aquelas vindas dos carros-pipa, a cada mês. “Vem do Exército”, diz dona Lucinete Silva, 36, que nos contou que quando, há 5 anos atrás, era muito pior a situação, havia só uma cisterna pra todo o povoado, e a dona só deixava pegar, para cada família 6 baldes, a cada dois dias, e que o sufoco era muito grande pois tinha vez que chegavam as 3 horas da manhã, esperavam na fila e quando chegava sua vez já não tinha mais água. Teve tempo que pegavam do chafariz, onde a água era salobra. Até que chegou, por obra do governo, a água encanada. Mas a realidade não mudou muito, pois a água não é própria para o consumo direto, pois contém ferro em alto teor, o que pode causar hepatite e câncer no fígado. “Sabão não dura muito, não faz espuma” diz João Reis, 38. “Plantei uma parreira de maracujá, mas morreu toda, por causa da água”, continua ele. A água da cisterna é para beber e cozinhar. A família do seu João Reis Barroso, dona Lucinete Araújo da Silva e seus cinco filhos, sobrevivem com o Bolsa Família de R$ 320,00, mais R$ 100,00 do Pró-Jovem que o mais velho recebe, e com o dinheiro de “uns bicos que o João faz de vez em quando”. Foi nessa casa em que implantamos nosso sistema.
 



Apesar de todo o sufoco que sofrem, podemos observar nessas pessoas um olhar de esperança, de felicidade, um sentimento de amor com o próximo e vontade de ajudar uns aos outros. Levamos nosso sistema até eles, com o propósito de ajudá-los, mas verdadeiramente podemos dizer que não houve experiência melhor, que aprendemos muito com eles, e vamos guardar essa experiência em nosso coração pelo resto de nossas vidas. 


Agradecemos desde já o convite da produção do Caldeirão do Huck, do quadro "Um por todos, e todos por um", por essa oportunidade, não apenas de levar nosso trabalho, mas também de conhecer a realidade da vida dessas pessoas, e valorizar ainda mais o que temos e conseguimos. Temos certeza de que esse novo quadro será um sucesso, pois todo aquele que está em prol do bem comum será vitorioso.